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ARRAIAL

São de fundamental importância as análises da escritora Helena Sebba sobre as origens da cidade de Inhumas

São de fundamental importância as análises da escritora Helena Sebba sobre as origens da cidade de Inhumas, embora as informações estejam em material literário, os dados contidos no mesmo são de grande aproveitamento.


A situação da maioria das Capitanias favorecia os atos de desmandos e intrigas. A mesma situação permitia a ocupação desordenada do solo pela população, num perfeito à vontade, estabelecendo-se onde lhe fosse mais conveniente. Isso ocorria porque na falta de lei normatizando o uso de terra, sendo todos os moradores posseiros de terra devolutas, não vigorava mais o regime de sesmarias, suspenso pelo governo imperial (1822). Permaneceu o regime da simples tomada de posse até ser promulgada a lei de terras (1850) durante o Segundo Reinado, como também observou a professora Maria Amélia D. de Alencar (UFG).


Portanto, o procedimento para o registro então vigente, foi adotado por João Antônio da Barra Ramos, o primeiro possessor de uma gleba de terra denominada Fazenda Goiabeiras, na província de Goiás. Ele a registrou na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Campinas.


Em 1858, esta fazenda foi vendida por Joaquim da Barra para Feliz Rodrigues Ramos e sua mulher. O casal a registrou em 20 de setembro do mesmo ano, na mesma Paróquia, cujas terras se encontram próximas ao lugar conhecido como Estrada Nova. E no ano de 1922 estas terras estavam subdivididas entre vários donos e cuja regularização foi feita por José Hermano. Os proprietários eram: João F. Melo,  Arlindo Silva Baylão, Miguel P. Manso, João O. Lobo, Josephino de O. Roriz, Pedro de A. Roriz, Anna Fagundes de Souza, Rachid Mamouth e João G. Faria. Neste  mesmo ano, por força de lei da comarca de Curralinho de nº 40, o antigo povoado de Goiabeiras passou a se chamar Inhumas, fato registrado no Correio Oficial do Estado de Goiás, em 19 de agosto.


Porém, quando da ocorrência deste ato político, constava, do conhecimento daqueles que já neste local habitavam além da existência de uma igreja católica com invocação à Senhora SantAna. O patrimônio da referida igreja foi doado pela senhora Anna Fagundes de Souza (possivelmente por volta de 1886), como resultado de ato devocional, embora esta data ainda fique como cronologia emblemática passível de minuciosa e adequada investigação, a saber, como esta se tornou uma das referências do tempo histórico de nosso município nos dias atuais.


Como acentou Helena Sebba, a fazenda Goiabeiras localizava-se no município de Rio das Pedras, depois Curralinho  (hoje Itaberaí), ao qual passou  pertencer a partir de 1896, sendo Curralinho uma gleba limitada pelos rios Uru e Anicuns e os municípios Jaraguá e Campinas.


Goiabeiras era local de movimentação migratória e de passagem de pessoas de outras províncias  como: Minas Gerais, São Paulo, Norte e Nordeste - mascate, tropeiro, caixeiro-viagante, carreiros - Chalub, Pedro Pio, Arlindo da Silva Baylão, Elias Deneui, dentre muitos. Este aspecto populacional pode ser encontrado através dos dados cartoriais colhidos na instância do Registro Civil de Inhumas, cedidos cordialmente para esta pesquisa. As edificações do povoado eram em sua maioria de tábuas, dada a influência de alguns italianos, cuja primeira casa foi servida de farmácia pelo senhor Elpídio Luiz Brandão. A primeira casa construída de material sólido pertencia a senhora  Maria Rodrigues Ramos, em 1886. Em 1890, o povoado contava com doze habitações feitas em alvenaria.


Espiritualmente, a Igreja de Senhora SantAnna constituída em 1905, contava com assistência do padre Wendel, vigário de Campinas, no território doado por Anna Fagundes de Souza. Assim, um importante elemento nesta averigüação, de possível rastreamento das famílias que advinham de outras localidades do Estado de Goiás, diz respeito ao trabalho do pesquisador Antônio César Caldas Pinheiro (IPEHB-UCG).  Ele procurou a origem dos descendentes do tenente-coronel Luiz Manoel Caldas, contribuindo para demonstrar a existência de várias famílias curralinhenses que se fixaram em Goiabeiras. De acordo com Pinheiros, temos as famílias Simões de Lima, Olinto de Almeida Silva, Brandão, Baylão, Almeida Guerra e Brom. Elas compraram terras na região de Inhumas, construíram casas, desenvolveram comércio,  além de influenciar direta e decisivamente para o desenvolvimento tanto no meio urbano quanto demográfico do município. Processo ocorrido por volta dos anos 20 e 30.


A historicidade da antiga Goiabeiras, pode porém, ser encontrada nos mais variados escritores goianos que, ao estilo de cada um, contribuíram para traduzir-la por via literária.  Além do atuante núcleo de intelectuais da Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas (Alcai). Ainda que os olhos do presente vejam na ação econômica a matriz  histórica de nossas cidades, ao parafrasear o velho mestre Palacin (1981), compreendemos a essência deste  trabalho. (Luciano Silva Roriz) - professor de História (historiaroriz@yahoo.com.br). Texto de seu livro a ser publicado)

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