Publicado em 19/02/2008 15:46

Artigo Médico

Geriatria e Gerontologia – Envelhecer com qualidade.  Segundo dados da OMS (IBGE/1996), no ano de 2025, 2/3 da população idosa mundial residirá em países pobres e deste total, 30 milhões serão brasileiros elevando o Brasil ao posto de 6ª maior população mundial de idosos, números que também são...

Quedas na terceira idade

 

Com o advento de inúmeros medicamentos que permitiram maior controle e tratamento mais eficaz das doenças infecto contagiosas e crônico-degenerativas, aliados aos avançados métodos diagnósticos e ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez mais sofisticadas e eficientes, houve um aumento significativo da expectativa de vida do homem moderno. A conseqüência natural disso foi o aumento da vida média do homem, que hoje se situa em torno de 66 anos (20 anos a mais que em 1950). Atualmente, estima-se, que a cada 10 indivíduos no mundo, um tenha mais de 60 anos, idade acima da qual é considerado idoso em nosso meio, segundo a OMS.

 

Segundo dados da OMS (IBGE/1996), no ano de 2025, 2/3 da população idosa mundial residirá em países pobres e deste total, 30 milhões serão brasileiros elevando o Brasil ao posto de 6ª maior população mundial de idosos, números que também são corroborados por dados do IBGE/1996 que mostram que a população idosa terá crescido 15 vezes em relação ao número total da população. Este aumento no número de idosos determina um maior número de problemas médicos crônico-degenerativos, tendo como conseqüência, uma das demandas aumentadas por serviços de saúde que sejam básicos ou complexos. Estas mudanças no perfil demográfico iniciam na área de saúde modificações epidemiológicas, com problemas típicos da terceira idade e entre esses, sendo de suma importância a “queda”, que pode levar a instabilidade e imobilidade que são problemas considerados gigantes da geriatria.

 

O envelhecimento humano e as alterações funcionais relacionadas a este, nos últimos 50 anos tem merecido atenção, preocupação e pesquisa por parte da sociedade. A transição demográfica foi um processo mundial, mas que no Brasil se deu de forma mais rápida e desordenada ao nível de estrutura socioeconômica do que nos países desenvolvidos. Com isso nosso país não adequou o uso dos sistemas de saúde para o atendimento e acompanhamento dos idosos, que necessitam de unidades especiais, medicamentos de uso crônico e programas preventivos em âmbitos diversos. Cerca de quase um terço dos idosos que vivem em comunidade caem num período de um ano, e alguns sofrem conseqüências graves como fraturas, hemorragias, traumas cranianos e até óbito, direta ou indiretamente após o evento queda.

 

Alguns desenvolvem a chamada síndrome pós-queda, quadro clínico caracterizado por um pavor descontrolado de andar novamente, mesmo sem apresentar problemas de locomoção que impeçam a marcha. Os idosos que já sofreram quedas estão sujeitos a novos eventos dos mesmos, no período de um ano, com conseqüências desfavoráveis de ordem física e psicológica, induzindo-os ao medo de cair novamente, levando a imobilidade, possibilidade de institucionalização, criando complicações secundárias que aumentam os custos sociais. A queda e suas complicações acarretam mudanças na qualidade de vida do idoso ao tolher sua paciência. Os direitos de ir e vir que lhe é assegurado na própria Constituição, passam a ser negados, impondo ao idoso um papel inativo, dependente e incapaz de motivá-lo para o restante dos anos de sua vida.

 

As causas para quedas são multifatoriais que podem ser divididas em fatores de risco intrínsecos, problemas inerentes à saúde do indivíduo, como uso inadequado de muitos medicamentos, problemas visuais, doença de Parkinson, dores pelo corpo (osteoartrite de joelhos, lombalgia), incontinência urinária, entre outras ou fatores extrínsecos, que podem ser modificáveis no ambiente ou nos hábitos como andar com calçado com salto alto, usar sola escorregadia, tapetes escorregadios, iluminação inadequada nos ambientes de transição, chão encerado, escadas sem corrimão, vasos sanitários, camas, cadeiras muito altos ou baixos, sedentarismo ou prática de atividades físicas como corrida, etc.

 

“Por que é velho, cai e não anda direito.” Este tipo de idéia é mais freqüente do que se imagina, por não se saber diferenciar as alterações do envelhecimento da presença de doenças, que podem ser tratadas. O preconceito pelo simples fato da pessoa ser idosa é nomeado de ageism na língua inglesa e uma tradução que tem sido usada na língua portuguesa seria “velhismo”. Cabe a todos os setores da Educação e da Saúde difundir conhecimentos sobre o processo de envelhecimento, e a partir de experiências da prática na atenção à saúde ao idoso e reflexões, poderemos criar soluções para garantir uma terceira idade com mais qualidade de vida.

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