Caos urbano na praça central de Inhumas
Após sugestões de moradores de Inhumas, o TUDOIN verificou uma série de problemas existentes na Praça Belarmino Essado, localizada no centro desta cidade. As dificuldades encontradas no ambiente destacam desde a não regularização de serviços, atuação de flanelinhas, questão social, obstrução do espaço público e a dificuldade de condutores encontrar uma vaga para estacionamento.

O TUDOIN ouviu a opinião de várias pessoas e teve acesso a documentos, como comprovante de pagamento de imposto e livro de registro de profissionais que trabalham no ambiente.
Conforme depoimentos colhidos e acesso as documentações, o gerenciamento do local não é realizado da mesma forma, principalmente aos prestadores de serviços. Além disso, é comum estacionar carros com produtos ou alimentos para serem vendidos no Entorno da praça. Muitos não deixam contribuição financeira à cidade e estacionam indevidamente no reduto.
"Nosso trabalho é fiscalizar e fazer cumprir a Lei", assegura a secretária de Finanças, Cleide Helena Almeida. De acordo com ela, é realizado um trabalho em parceria com a secretaria de Planejamento: verificação das questões referentes ao Código de Postura do município e autorização para funcionamento dos serviços, respctivamente.
Segundo a secretária, uma das dificuldades nesse sentido é que alguns vendedores ambulantes não procuram a prefeitura, para solicitar o alvará de licença para comercializar os produtos. Portanto, solicita que a população informe quando presenciar pessoas utilizando desta prática.
O alvará de licença para funcionamento do vendedor ambulante pode ser diário, mensal ou anual. De acordo com o setor de Fiscalização, o valor cobrado do serviço é de R$ 22,15 mês ou fração de mês.
Em relação a prestação de serviços na praça, a pessoa deve ter o alvará de licença e pagar o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). O comerciante deve ter o alvará de licença para funcionamento do estabelecimento. No caso da venda de alimentos, é exigido o alvará sanitário.
Os serviços englobam alimentação, transporte, acessórios e lava jato. Os valores variam: uma corrida de táxis dentro da cidade é de R$ 6,00 a R$ 8,00; uma pinça, por exemplo, sai a R$ 1,00 e uma lavagem de carro e polimento por R$ 25,00. Entretanto, segundo depoimentos colhidos, nem todo mundo está devidamente regularizado para trabalhar.
Sobre essa questão, Cleide Helena informou verificar o caso. Um dos comerciantes que não paga imposto, diz que tem interesse de pagar o ISS e que já chegou a procurar a prefeitura com esse objetivo.
Atuação de flanelinhas - Um outro problema existente na Belarmino é a permanência de menor, vigiando os carros que estacionam nas imediações. Para os adolescentes, uma forma de ganhar dinheiro. Na opinião de populares, constitue-se um problema a atuação deles neste trabalho, pois, "se não os remuneram, o veículo corre risco de ser danificado".
O adolescente L.F, 16 anos, diz que trabalha como flanelinha desde os 8 anos. Ele atua em três pontos da cidade. Trabalhando sem nenhuma autorização, das 8h às 16h, fatura em torno de R$ 20,00 por dia.
Ao ser questionado se trabalha certo, sem danificar algum automóvel, defendeu que sim. Mas, reconheceu que já teve colega que fez isso. Inquieto, o adolescente levantou do banco onde estava sentado, andou e correu em direção a motoristas, no momento que era entrevistado, oferencendo seu serviço aos condutores.
"Uma moeda atrai outra", comenta, saltitando a ganhar a primeira, às 10h45, em 8 de julho. A menor taxa que recebeu no período que trabalha foi de R$ 0,50 e a maior de R$ 20,00.
O conselheiro tutelar, Eloá Domiciano Silva, informou que o Conselho observa essa situação com frequência e que a situação está difícil, principalmente na feira aos domingos. Segundo ele, os adolescentes são encaminhados às suas famílias quando são vistos trabalhando. No caso de ato infracional, eles são conduzidos à Promotoria, vindo a família de cada um responder por isso.
O conselheiro também pede à sociedade que ajude nessa demanda. E como exemplo, citou o caso de um senhor que procurou imediamente o Conselho, em abril, após ser ameaçado por um flanelinha que queria olhar o carro do condutor. De acordo com Silva, imediamente, os conselheiros comunicaram o fato à polícia que entregou o rapaz à família. O resultado foi positivo, conforme relato do conselheiro, porque o adolescente não voltou mais ao local para trabalhar e estragar carro visando ser remunerado.
Problema social - A questão social é outro fator que chama a atenção, uma vez que a praça serve de abrigo a várias pessoas que chegam à cidade e não têm onde morar. Ao conversar com algumas, o TUDOIN ouviu relatos que sensibilizam por apresentar histórias de frustações pessoais, problemas familiares e outros. Apesar de viverem desta forma, entrevistados demonstraram conhecimentos sobre personagens históricos, como o filosófo alemão Friedrich Nietzsche.
O alcoolismo é o principal nutriente delas e o jovem A.V, 21 anos, natural do Pará, sabe bem o que é isso. Enquanto era entrevistado pela reportagem, ele degustava a bebida "pinga". A conversa durou uma hora e nesse intervalo, fez revelações sobre seu envolvimento com o álcool, drogas, confronto com policiais e tentativa de sucídio e também mostrou algumas cicatrizes e hematomas em seu corpo.
Lamentando por se encontrar na rua, A.V questionou do por que de tantas riquezas no Brasil e existir problemas dessa natureza. "Enquanto tiver vivo não terei a resposta. Você tem a resposta, e não tem o respaldo", contradiz o jovem que começou a beber aos 9 anos, escondido de sua família.
Segundo A.V, não é sempre que vive na rua, pois, busca empregos para trabalhar. Ele contou ter trabalhado em algumas empresas, em Goiânia, mas se encontra desempregado no momento e, por isso, veio a Inhumas procurar melhorias à sua vida.
"Negão", 32 anos, tocantinense, é sorridente, apesar das dificuldades. Ao TUDOIN, ele não soube precisar quanto tempo vive sem moradia e disse que trabalha esporadicamente.
Por telefone, a secretaria de Promoção Social informou que tem feito de tudo, inclusive já encaminhou várias pessoas para seus municípios de origem, mas elas retornam. Também fornece assistência as que são daqui e pediu que a sociedade esteja mobilizada neste problema.
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