Publicado em 28/07/2006 17:24

Festa de Santana

A comunidade católica de Inhumas promove a Festa de Santana, este ano celebrada de 21 a 30 de julho.

A comunidade católica de Inhumas promove a Festa de Santana, este ano celebrada de 21 a 29 de julho. Os festejos em louvor à padroeira constam dos programas para as partes religiosas e social.
Logo após a missa todas às noites são realizados leilão das prendas ofertadas por paroquianos, com recursos a serem aplicados na reforma da Igreja Matriz.

 
As cerimônias  religiosas são celebradas pelo padre José Vicente e auxiliado por Dom Antônio. A parte social, no recinto do Centro Comunitário Irmã Benjamina, conta com animações de leiloeiros apresentadores e conjunto musical.

 
RELATO  DA  RELIGIOSIDADE

 
Ao adentrarmos na questão da fé no sertão goiano, é importante destacar que antes da presença da igreja em Goiás,  por intermédio dos padres redentoristas, as expressões culturais da religiosidade eram vistas como não oficiais na colônia brasileira. Os bispos setentistas com intuito de tornar sólida a fé, por constantes visitas pastorais, "descobriram um povo rural que freqüentemente não conhecia os elementos de base do cristianismo".

 
 Historiador que contribuiu muito para o estudo do aspecto religioso e particularmente sua influência na composição histórica de Goiás foi A. J. Costa Brandão  que em seu "Almanach" provincial demonstra como estava representada a divisão administrativa, judicial e eclesiástica, pela bula  do Papa Benedito XIV, de 06/12/1746. Foi criada a pelazia de Goiás, sendo a mesma a partir de 15/06/1827 por outra lei papal, e de leão XII, elevada a bispado.

 
Nossa província goiana em 1.886 possuía 17 comarcas providas e  não-providas com 26 municípios, 12 cidades, 16 vilas, 55 paróquias assistidas canonicamente e quatro providas, além da divisão distrital de eleitores: o primeiro ano Sul e o segundo ano Norte.

 
Diante portanto desta configuração, das paróquias providas, encontramos as de Nossa Senhora da Abadia de Curralinho, hoje Itaberaí (de cuja comarca de Rio das Pedras derivou o arraial de Goiabeiras), hoje Inhumas, e a de Nossa Senhora da Conceição de Campinas, região da qual politicamente originou-se o distrito do Barro Preto (atual Trindade).

 
Havia ainda a atuação das Irmandades e confrarias  que eram associações de pessoas que cultuavam o mesmo Santo, constituindo grupos sociais religiosos ligados a interesses profissionais e laços éticos, como relata a professora Cristina de Cássia P. Moraes (UFG). Segundo ela, boa parte da vida na Capitania de Goiás se regulava pelos valores cristãos. Desta maneira, a vida religiosa e social eram regidas por ritos baseados no cristianismo. Já que as comemorações de cunho católico marcavam profundamente momentos de socialização e convivência nos quais se reafirmavam na devoção popular os elementos da cristandade.

 
Nas Irmandades goianas no século XIX, para além de sua dupla função (religiosa e social), posteriormente, ocorre uma espécie de discriminação social, daí o aparecimento de confrarias de negros em torno do culto de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia.
Assim, de um modo geral, as festas de devoção tradicionais bem como o próprio catolicismo popular no Brasil, dependiam na sua maioria dessas confrarias ou de uma comunidade de leigos, como ocorreu em Barro Preto, Campininhas e Goiabeiras. Logo nos primeiros destes núcleos de povoamento quando não havia uma ordem religiosa para assistir a ermida, situação ocorrida em Campinas das Flores e nas demais localidades referidas em função  da presença dos Redentoristas em 1.894 e Franciscanos nos anos 20 do século seguinte.

 
Entretanto, na transição da sociedade mineradora para a de atividades agropastoris, com o desaparecimento do ouro, o governo português que antes procurava centralizar toda mão-de-obra da Capitania para as minas, passou através de sua autoridade, incentivar e promover a atividade agrícola em Goiás.

 
O contexto demonstrado por Palacin e Cunha Mattos, na primeira metade deste século era desolador, já que com a crise do ouro, houve diminuição da população que também se dispersou pelos sertões onde os arraiais desapareciam ou arruinavam-se como Ouro Fino, por exemplo, no qual, a agropecuária estava restrita à produção de subsistência, embora inúmeras tentativas governamentais de resgatar os rumos do progresso de outrora.

 
Em vista deste contexto, os principais fatores deste processo pós-minerador foram o povoamento e a expansão pecuária dos quais o primeiro exerce fundamental relevância para a constituição dos primeiros núcleos de fixação nas terras do Mato Grosso Goiano das famílias pioneiras. Fato aliado ao caráter religioso, condicionou o surgimento dos arraiais de Campininha das Flores (Campinas), Goiabeiras (Inhumas), além do Distrito do Barro Preto (Trindade), na segunda metade so século XIX.

 
 Luciano Silva Roriz,  professor de História
 (historiaroriz@yahoo.com.br) - Texto de seu livro em fase de publicação).

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