Publicado em 16/10/2009 07:19

Roberto Balestra deixa o governo.

Secretário afirma que se afastou para voltar a Brasília, mas atuação por aliança entre PP e PSDB teria motivado saída.

O secretário extraordinário de Articulação Política do governo Alcides Rodrigues, deputado federal licenciado Roberto Balestra (PP), pediu demissão ontem à tarde, horas depois de o governador dizer que os pepistas que defendem que o PP esteja com o PSDB em 2010 “certamente, não são pepistas e devem procurar o partido que lhes convém”. O secretário nunca aceitou o racha da base do Tempo Novo, e é o único da cúpula do partido que clama pela união do PP com o PSDB para as eleições de 2010.

A saída de Balestra do governo abre mais uma crise na administração alcidista. Com a demissão de um dos mais importantes secretários de seu governo, os problemas de Alcides e, consequentemente do PP se agravam. Após participar da sessão solene de outorga da Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira a Emerson Martins Costa e de outorga do Título de Cidadão Goiano a Luiz Alexandre Garcia e a Luiz Alberto Garcia, ontem, na Assembleia Legislativa, Alcides não quis comentar com a imprensa sobre o fato. Os repórteres foram barrados pelos seus seguranças.

Balestra evitou polemizar. O secretário disse ao DM que deixou o cargo para cuidar das emendas individuais a que tem direito na Câmara Federal. O secretário já deixou o cargo outras vezes para tratar das emendas, mas voltou depois. Desta vez, já avisou que não vai voltar. “É porque 2010 é ano eleitoral”, justificou.

Fora do governo, o pepista terá mais autonomia para articular com o PSDB, do senador Marconi Perillo, os caminhos para as eleições. Balestra já deixou claro que as lideranças pepistas do interior não estão satisfeitas com a ruptura da base aliada e não vão apoiar a chapa alcidista sem Marconi. O prefeito de Inhumas, Abelardo Vaz (PP) confirma a tese de Balestra. Abelardo manifestou sua vontade de estar com o senador há duas semanas atrás, quando Marconi visitou o município. O prefeito afirmou ontem que “o governador não fala pelo partido” (veja Fio Direto, na página 18).

Balestra sempre teimou em negar a existência de problemas de relacionamento da base aliada. Nunca aceitou a ideia de que os dois partidos possam seguir caminhos distintos nas eleições do próximo ano. Assim com o secretário, o presidente regional do PSDB, deputado federal Leonardo Vilela (PSDB) afirma que as várias lideranças do PP no interior do Estado ainda caminham com Marconi Perillo, e não acredita que uma 3° via possa se estabelecer na disputa eleitoral de 2010. “A eleição aqui é polarizada. Não existe disputa fora do PSDB e do PMDB. Pode ser que mude daqui há dez anos, mas eles estão enganados se pensam que em um ano o cenário se modificará.”

Balestra disse ontem que, na sua opinião, o acerto entre o PP e PSDB se dará no momento certo. “Entendo que o processo é dinâmico, e nós trabalhamos em função de datas.” Com vários adeptos pela aliança com o PSDB, há grandes chances da base aliada do Tempo Novo se reestruturar no perído de convenção. Outros pepistas do alto clero acreditam que Balestra “só faz o seu próprio jogo”, sem se preocupar com interesses partidários.

Já que deu sinais de não querer morrer no palanque ao lado de Marconi, Alcides Rodrigues vai ter que se esforçar, sem o apoio da base do PP e sem seu articulador político, se quiser formar uma boa chapa para lançar um candidato de peso para concorrer com Marconi Perillo e Iris Rezende (PMDB).

Havia a informação de que Balestra pudesse convocar uma coletiva de imprensa para justificar sua demissão, mas a entrevista não ocorreu. O deputado estava com o prefeito Abelardo quando conversou com Alcides.


fonte: www.dm.com.br





Abelardo Vaz empresta solidariedade


Presidente da Associação Goiana dos Municípios, o prefeito de Inhumas, Abelardo Vaz, do PP, foi o primeiro a emprestar solidariedade ao deputado Roberto Balestra, também do PP, que se afastou do governo ontem para reassumir mandato na Câmara dos Deputados - um dia após Alcides Rodrigues desautorizar publicamente os defensores de uma recomposição política com o PSDB.

Balestra, recorde-se, exercia as funções de articulador político do governo e pregou a união como única saída para a base aliada (Fio Direto, 14 de outu-bro). “O governador não é o dono do PP”, disse ele, lembrando que um partido político é formado por um conjunto de pessoas que têm opiniões diversas, algumas iguais, outras diferentes, mas que precisam ser respeitadas democraticamente: “O governador é o maior líder do PP, mas não é o dono, quem decide pelo partido é a maioria de seus integrantes.”

 

Abelardo manifestou estranheza também pelo teor das declarações de Alcides, endereçadas a filiados do PP, dando a entender que o objetivo foi censurar as atribuições políticas de Roberto Balestra. “O pior é que ele mandou os pepistas deixarem o PP após a data-limite para troca de partido”, lembra.

 

O prefeito de Inhumas esclarece ainda que não vai abandonar o barco e continuará filiado ao PP: “Vou brigar dentro dele por minhas convicções.”

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