Publicado em 13/11/2006 13:43

Um doce dos tempos coloniais

A rapadura pura dos baianos em Inhumas é um produto que fez fama em Goiás.

Da mesma maneira como vão os anos, o tijolo de rapadura (assim chamada pelo tamanho), de Correntina na Bahia, garantiu a tradição da família Moreira na imorredoura história de seu tempo colonial. Surgida no século XVIII, no contexto da mineração, a tradição mantida pelos proprietários de origem portuguesa garantiu ontem e hoje a exportação do açúcar à metrópoles de  Além Mar assim como foi transplantada no interior brasileiro, chegando em Inhumas ainda nos primórdios do século XX.
 
Transmitida de pai para filho, a fabricação da rapadura correntinense já atravessou cinco gerações. "O pai do meu tataravô ensinou o pai do meu avô que ensinou meu pai que ensinou para mim", conta Armando Neves Moreira. Desde bem pequeno, Armando, hoje 58 anos, participava da fazedura da rapadura pela observação, a maior receita. "Eu tinha uns 10 anos e já estava no corte de cana, depois comandava os bois no engenho. A  rotina começada às quatro horas. Naqueles janeiros, as madrugadas frias rachavam nossa pele além do esguincho gelado da garapa no rosto. Depois de despejada em tachos enormes de cobre, a garapa era depurada com uso de colher de pau até eliminar a impureza; a fervura era feita até o ponto de modelagem depois despejada em formas de madeira forradas com folhas de banana, esperando secar. Outros produtos que derivam da cana nesse trabalho artesanal é a pinga e o melaço vendido por Armando nas feiras das cidades no entorno de Inhumas.
 
A rapadura pura dos baianos em Inhumas é um produto que fez fama em Goiás. Estudiosos das tradições e gastronomia analisam que a rapadura era a sobremesa preferida dos tropeiros e caixeiros-viajantes, pois era remédio à anemia além de dar forças aos tuberculosos. De bom tamanho, a rapadura dos baianos em Inhumas também colaborou com sua sabedoria popular.

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